terça-feira, abril 24, 2012

Vidas em mão dupla...
A intenção do Blog Vidas em Mão Dupla é de conscientizar que a minha vida está em suas mãos e que a sua vida está em minhas mãos. É uma dupla responsabilidade, de quem vai e de quem vem.
E fácil perceber que quando as pessoas assistem aos acidentes de trânsito, elas ficam sensibilizadas, choram, lamentam e depois passam-se uns dias e tudo cai no esquecimento. Talvez essas mesmas pessoas lá na frente irão trazer dor e sofrimento irreparáveis para uma família.

Leia esse desabafo...
A mais de 1 ano, precisamente em 12 de Outubro de 2010, conhecido como Dia das Crianças, fui vítima de um trágico acidente de trânsito na RJ106. Você que agora irá ler esse desabafo deve está imaginando que se hoje estou aqui é porque nada aconteceu comigo. Você acertou! Mas quero te dizer que ainda que nada aconteceu comigo, estou extremamente em pedaços! E você agora está tentando adivinhar o que então me deixou em migalhas.
Desde o dia 12 de Outubro de 2010, exatamente ás 13h:45m, minha vida nunca mais foi a mesma....
Um  veículo  em que estávamos trafegava em alta velocidade fazendo uma ultrapassagem na mão dupla, colidindo então com um veículo de frente, rodando na pista e atingindo fortemente de lado outro veículo.Foi um estrago na minha alma!
O que vou descrever agora é muito forte, mas preciso externar um pouco essa dor que grita no meu peito. Estávamos no banco de trás, ficou escuro em alguns segundo e logo em seguida a única cena horrível que vejo é meu filho de apenas 7 anos ainda em meus braços com a cabeça do lado de fora do carro jorrando todo seu sangue pelo ouvido direito. Seu coração batia aceleradamente e seu sangue não parava de jorrar. Gritava muito! Meu filhoooo! Meufilhooo! Chega o corpo de bombeiros, o carro estava todo amassado na lateral, virou "uma sanfona", para terem uma ideia. Serraram o lado que meu filho estava para tentar tirá-lo em meio às ferragens, nesse momento não se ouvia mais o sangue cair no chão e o coração dele desacelerava até que parou. Muito difícil esse momento... não consigo expressar o que senti nessa hora... não deixaram-me chegar perto do meu filho, fui retida pelo sargento do corpo de bombeiros que me abraçou fortemente e orava, orava , orava. Com a voz embargada e sem acreditar em tudo que ali estava acontecendo, pedia que me falasse se meu filho estava vivo ou morto, e ele não me respondia, só orava. Até hoje não consigo dizer que a vida do meu filho... desculpas não consigo, quero dizer, não acredito!
O meu desabafo não é para que tenham pena de mim, nem que se emocionem, chorem, pois isso não é minha intenção. É preciso entender que a vida do meu filho poderia ter sido preservada.
O excesso de velocidade causa o maior número de mortes no trânsito. A imprudência no trânsito causa mortes e sequelas na vida dos familiares das vítimas irreparáveis, só sabe quem já passou por esse trauma.
Deixo aqui meu desabafo e meu apelo. Seja prudente, tenha respeito à sua vida e a dos outros. Não faça do seu carro uma arma.
No dia 28 de abril de 2012 meu filho poderia estar completando 9 anos. Essa alegria foi tirada da minha vida e não volta mais.
A vida do seu filho também pode estar no carro que vem na mão dupla.
Faça a diferença. É tarde para fazer diferença em minha vida e na  do meu filho, mas  você pode fazer na vida de quem vem na mão dupla. Pense nisso!
                                                                                                           Sem mais,
                                                                                                                          Daniela.



3 comentários:

  1. Como não se emocionar com o seu depoimento?Infelizmente não temos como voltar no tempo. Mas espero que o seu depoimento sirva para alertar as pessoas sobre os perigos do trânsito. Parabéns pela coragem de expor a sua história aqui! Força e paz para você!!

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  2. Infelizmente,estes insanos que andam por aí com suas máquinas de matar não trazem prejuíjos somente para si, mas acabam com a vida de inocentes.

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  3. Nunca sentiremos a dor,que esta mãe sente a cada dia sem seu filho,pois mesmo que passemos pelo mesmo sofrimento cada um sentirá esta dor de maneira diferente.
    Mas sabemos que a dor da perda quer ela como for é bem dolorida e dilacera o coração.
    por isso,para não termos que compartilhar depoimentos tão dolorosos,ou até mesmo estarmos dando nosso depoimento como vitíma,temos que fazer uma mobilização geral.
    Pois se não conseguirmos acabar como esta violência em um todo,pelo menos poderemos ameniza-la em alguma parte....

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